terça-feira, 18 de novembro de 2014
segunda-feira, 17 de novembro de 2014
Nordeste larga na frente em estudo do genoma hospedeiro.
Nordeste larga na frente em estudo do genoma hospedeiro
A região Nordeste
é pioneira nos estudos sobre a vacina anti- HIV e tornou-se referência mundial
sobre o tema. Uma pesquisa sobre o genoma de hospedeiro (paciente infectado) e
vacina terapêutica anti-HIV com células dentríticas ganhou destaque mundial
após ser publicada, em janeiro deste ano, numa das revistas internacionais mais
relevantes sobre o assunto – a International Journal of the Aids Society. Contribuíram
com a pesquisa 18 voluntários portadores do vírus causador da Aids, todos
vacinados na primeira fase, em 2004.
Desenvolvido pelo
Departamento de Genética do Centro de Ciências Biológicas (CCB), da Universidade
Federal de Pernambuco (UFPE), o estudo está sendo coordenado pelo biólogo
Sérgio Crovella, CRBio 085111/05-D. “O estudo dessa fase da vacina foi baseado
em células dendríticas do paciente, tratadas com vírus autólogo inativado e
reinjetado nos pacientes. Dos voluntários, nove responderam bem à vacina
e baixaram a carga viral sem precisar de mais tratamento farmacológico.
“A outra metade não respondeu bem e precisou voltar ao tratamento com
antirretrovirais”, explica.
A vacina de
imunotratamento que está sendo estudada funciona reativando o sistema imune do
paciente do HIV, estabelecendo de novo uma memória imunológica contra epítopos
virais. “No mundo existem nove trials clínicos feitos com estratégias
parecidas, mas nenhum grupo de pesquisa que trabalha com genoma hospedeiro.
Nosso trabalho, que já foi publicado, é pioneiro”, explica Crovella.
II FASE - Em parceria com o laboratório LIM56 da USP de São Paulo, os
cientistas envolvidos já estão desenvolvendo a segunda fase do projeto, em que
estão sendo avaliados 25 novos pacientes voluntários. “Em 2015, vamos repetir a
análise genômica sobre eles”, conta o pesquisador.
Dependendo desses
resultados, será aberta uma terceira fase com mais de 100 pacientes, para poder
chegar ao protocolo final das pesquisas. O objetivo é tirar o tratamento
farmacológico dos pacientes e substituir com imunotratamento com dendríticas, que
não causam efeitos colaterais.
Acesso
em: www.crbio5.gov.br
terça-feira, 14 de outubro de 2014
VEM AÍ A NOVA BIOLOGIA. OU NÃO.
Vem aí a nova biologia. Ou não.
Por Rafael Garcia
14/10/14
NOTÍCIAS
SOBRE BIOLOGIA voltadas ao público geral com frequência fazem referência à
briga de acadêmicos contra o criacionismo o movimento defensor de que seres
vivos foram criados por Deus, não pelos processos descritos na teoria da
evolução. Ofuscado por essa discussão infrutífera de cientistas lançando
argumentos racionais contra mentes religiosas impenetráveis, porém, existe um
debate sério sobre se a biologia evolutiva está ou não carente de atualização.
Esse
movimento defende que a chamada “nova síntese” a teoria da evolução de Darwin
reformulada à luz da genética e, depois, da biologia molecular– precisa ser
recauchutada. Liderados por biólogos como Gerd Muller, da Universidade de
Viena, e Eva Jablonka, da Universidade de Tel Aviv, esses
pesquisadores defendem aquilo que batizaram de EES (Síntese
Evolucionária Estendida). É um corpo de conhecimento baseado em fenômenos que
correm paralelamente aos descritos pela seleção natural de Darwin. Mas seria
esta nova biologia algo com força suficiente para tornar a nova síntese uma
teoria ultrapassada?
Para
defender uma mudança radical, Jablonka recorre a fenômenos como a epigenética transmissão
de características que não requer mudança do DNA e à construção de nichos capacidade
de animais de alterarem seu próprio ambiente e, portanto, modificar as pressões
que a seleção natural exerceria sobre eles mesmos. Também são alvo de estudo da
EES o “viés de desenvolvimento” a impossibilidade de organismos de adquirirem certas
formas enquanto evoluem e a plasticidade capacidade de um indivíduo de adquirir
diferentes formas reagindo a seus ambientes.
Todos
esses fenômenos, que são tratados pela (velha) nova síntese apenas como
processos marginais, seriam sinal de que uma teoria de evolução com excesso de
foco na biologia molecular se tornou incapaz de dar conta da
explicação de processos que ocorrem sem interação com o DNA. Só a incorporação
desses outros fenômenos, argumentam, pode salvar a teoria da evolução de se
tornar algo ultrapassado.
TRAMANDO A REVOLUÇÃO
Entrevistei
Jablonka em 2007 e achei interessante e bem fundamentada sua defesa de que a epigenética reabilita ideias malditas do naturalista francês
Jean-Baptiste Lamarck (1744-1829). Mas fiquei incomodado com sua crítica ao
conceito de “gene egoísta”, a expressão criada pelo biólogo Richard Dawkins
para descrever a centralidade da biologia molecular no processo evolutivo.
No
ano seguinte, um congresso organizado por Jablonka e outros correligionários em
Altenberg (Áustria) mostrou com mais clareza qual era a intenção do grupo. Os
16 cientistas presentes finalmente cunharam ali a sigla EES, para colocá-la em
oposição ao que chamavam de SET (Teoria Evolucionária Padrão), rebatizando a
nova síntese com um nome que a faz parecer algo ultrapassado. Ninguém ali se
atreveu a usar o palavrão iniciado com “P”, mas a intenção era claramente
a de declarar que a EES seria um novo paradigma na biologia.
Muita
gente se impressionou. Outros, incluindo Dawkins, nunca deram muita bola. Desde
então, deixei de acompanhar essa escaramuça, e confesso que a maior parte do
conhecimento de almanaque que tenho sobre evolução acabei adquirindo como
ouvinte no curso de Hopi Hoekstra e Andrew Berry, professores de Harvard que
não simpatizam com o grupo de Jablonka.
CONFRONTO DIRETO
Foi
só lendo a edição desta semana da revista “Nature” que finalmente tomei pé de
como está essa discussão agora, ao me deparar com dois
artigos, um a favor e um contra decretar que a teoria da
evolução precisa ser repensada. Em contraposição estavam justamente as duas
biólogas que já tive o privilégio de ouvir pessoalmente,
Jablonka e Hoekstra, além de seus coautores.
Vale
a pena ler. Como já deixer transparecer meu viés aqui, posso dizer que a
argumentação de Hoekstra me convenceu de que a sigla EES é mais um adendo
teórcico do que uma revolução. É uma tentativa de alguns biólogos de se
autoatribuírem a responsabilidade por uma mudança de paradigma, quando, na
verdade, o que ocorre é um avanço gradual, no qual epigenética, construção de
nicho, plasticidade etc. vão se integrando à teoria da evolução tradicional.
Mas
o grupo da EES não quer saber de se render. “Essa não é uma tempestade num copo
d’água acadêmico, é a luta pela própria alma da disciplina [da evolução]”, escreve
o grupo de Jablonka, num texto com Kevin Laland como autor principal. Hoekstra
retruca: “Nós também queremos uma síntese evolucionária estendida, mas para nós
essas palavras estão em letra minúscula, porque nosso campo sempre avançou
assim”.
DE VOLTA ÀS ORIGENS
Talvez
seja tudo uma questão de nome. Darwin, por exemplo, publicou um livro inteiro
sobre como minhocas alteram seu próprio ambiente por meio de sua ação no solo.
“Hoje nós chamamos esse processo de construção de ninho, mas o novo nome não
altera o fato de que biólogos evolucionários têm estudado feedback entre
organismos e seu ambiente por mais de um século”, diz Hoekstra.
O
problema, talvez, seja o de achar que a biologia precisa de uma grande ruptura,
para seguir em frente apenas por meio de grandes saltos. A quebra de paradigma,
o modelo de avanço científico descrito pelo filósofo Thomas Kuhn, não se
aplica muito bem à biologia, já defendia o saudoso Ernst Mayr, biólogo com importantes contribuições filosóficas
à disciplina. “Precisamos também lembrar que Kuhn era físico e que sua tese
reflete o pensamento ‘essencialista’ e ‘saltacionista’ tão disseminado na
física”, escreveu.
Mesmo
a teoria de Darwin, a coisa que mais próxima de uma revolução que já
ocorreu dentro da biologia, levou quase um século de debates e avanços graduais
para se consolidar na forma da nova síntese. Não se estabeleceu de forma tão
brusca quanto a relatividade de Einstein, por exemplo. E mesmo a
física pós-Einstein não parece estar avançando em saltos tão grandes.
Não há nada de errado com a ciência feita por Jablonka, Muller e seus
colegas, que têm dado boas contribuições para entender processos biológicos
complexos. Mas vender o advento da epigenética e companhia como uma
revolução me parece algo um tanto caricaturesco.
segunda-feira, 22 de setembro de 2014
sexta-feira, 19 de setembro de 2014
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