quarta-feira, 30 de setembro de 2015
sexta-feira, 11 de setembro de 2015
Nova
espécie do gênero humano é descoberta na África do Sul
Pesquisadores
encontraram ossos de pelo menos 15 hominídeos.
Ela foi batizada de 'Homo naledi' e classificada dentro do gênero Homo.
Grupo de pesquisadores apresentou
nesta quinta-feira (10) na África do SuL os remanescentes
fósseis de um primata que podem ser de uma espécie do gênero humano
desconhecida até agora.
A criatura foi encontrada na caverna
conhecida como Rising Star (estrela ascendente), 50 km a nordeste de
Johanesburgo, onde foram exumados os ossos de 15 hominídeos. O primata foi
batizado de Homo naledi. Em língua sotho, "naledi" significa
estrela, e Homo é o mesmo gênero ao qual pertencem os humanos
modernos.
Os fósseis foram encontrados em uma
área profunda e de difícil acesso da caverna, na área arqueológica conhecida
como "Berço da Humanidade", considerada patrimônio mundial pela
Unesco. Por se situar num depósito sedimentar onde as camadas geológicas se
misturam de maneira complexa, os cientistas ainda não conseguiram datar o
primata descoberto, que poderia ter qualquer coisa entre 100 mil e 4 milhões de
anos.
"Estou feliz
de apresentar uma nova espécie do ancestral humano", declarou Lee Berger,
pesquisador da Universidade Witwatersrand de Johannesburgo, numa entrevista
coletiva em Moropeng, onde fica o "Berço da Humanidade".
Em 2013 e 2014, os cientistas
encontraram mais de 1.550 ossos que pertenceram a, pelo menos, 15 indivíduos,
incluindo bebês, adultos jovens e pessoas mais velhas. Todos apresentavam uma
morfologia homogênea e pertenciam a uma "nova espécie do gênero humano que
era desconhecida até então".
O Museu de História Natural de Londres
classificou a descoberta como extraordinária. "Alguns aspectos do Homo
naledi, como suas mãos, seus punhos e seus pés, estão muito
próximos aos do homem moderno. Ao mesmo tempo, seu pequeno cérebro e a forma da
parte superior de seu corpo são mais próximos aos de um grupo pré-humano
chamado australopithecus", disse Chris Stringer, pesquisador do Museu de
História Natural de Londres, autor de um artigo sobre o tema que acompanhou o
estudo de Berger, publicado no periódico científico eLife.
A descoberta pode permitir uma
compreensão melhor sobre a transição, há milhões de anos, entre o
australopiteco primitivo e o primata do gênero homo, nosso ancestral direto.
Se for muito antiga, com mais de 3
milhões de anos, a espécie teria convivido com os australopitecos, anteriores
ao gênero homo. Se for mais recente, com menos de 1 milhão de anos, é possível
que tenha coexistido com os neandertais -- primos mais próximos do Homo sapiens
-- ou até mesmo com humanos modernos.
Os trabalhos que levaram à descoberta
foram patrocinados pela National Geographic Society, dos EUA, e pela Fundação
Nacional de Pesquisa da África do Sul.
segunda-feira, 27 de julho de 2015
Pode haver vida nas luas de Júpiter e Saturno
Pode haver vida nas luas de Júpiter e Saturno
por Lusa, publicado por Ana Meireles15 setembro 2013
Montagem de Júpiter e os seus satélites Fotografia © Nasa
A astrobióloga portuguesa Zita Martins, do Imperial College of London, co-autora de um artigo científico publicado hoje, acredita que há condições para existir vida nas luas de Júpiter e Saturno, pela importância do gelo na criação de aminoácidos.
"Toda a gente fala de Marte, mas eu acho muito mais interessantes as luas de Júpiter e Saturno, porque têm as condições ideais para a existência de vida", afirmou à agência Lusa a investigadora do Imperial College of London, que tem o artigo publicado hoje, na revista Nature Geoscience.
A convicção foi reforçada pelos resultados de uma experiência realizada em parceria com a Universidade de Kent, na qual foi disparado, a alta velocidade, um projétil de aço contra misturas de gelo, análogas às encontradas nos cometas.
O objetivo era reproduzir o impacto de um cometa com uma superfície rochosa, e o resultado foi a descoberta de vários tipos de aminoácidos, nomeadamente glicina e alanina D e L.
Estes compostos orgânicos são definidos pela cientista portuguesa como "os blocos constituintes da vida", pois estão na origem de proteínas que, por sua vez, são essenciais à existência de matéria viva.
Zita Martins conta que já se sabia que os cometas, astros que na sua composição têm gelo, podem conter aminoácidos, como foi recentemente confirmado pela descoberta de glicina no cometa Wild 2, através de amostras recolhidas pela NASA, a agência espacial norte-americana.
A convicção foi reforçada pelos resultados de uma experiência realizada em parceria com a Universidade de Kent, na qual foi disparado, a alta velocidade, um projétil de aço contra misturas de gelo, análogas às encontradas nos cometas.
O objetivo era reproduzir o impacto de um cometa com uma superfície rochosa, e o resultado foi a descoberta de vários tipos de aminoácidos, nomeadamente glicina e alanina D e L.
Estes compostos orgânicos são definidos pela cientista portuguesa como "os blocos constituintes da vida", pois estão na origem de proteínas que, por sua vez, são essenciais à existência de matéria viva.
Zita Martins conta que já se sabia que os cometas, astros que na sua composição têm gelo, podem conter aminoácidos, como foi recentemente confirmado pela descoberta de glicina no cometa Wild 2, através de amostras recolhidas pela NASA, a agência espacial norte-americana.
sábado, 25 de julho de 2015
Junção de micróbios teria dado início à vida complexa na Terra
Junção de micróbios teria dado início à vida complexa na Terra, diz
autor
25/07/201506h00
O
escritor Nick Lane autor de "The Vital Question: Energy, Evolution, and
the Origins of Complex Life" (A questão vital: energia, evolução e as
origens da vida complexa)
Como
foi que as pedras, o ar e a água se uniram para formar as primeiras criaturas
vivas na Terra primitiva? Por que a vida complexa como a dos animais e das
plantas surgiu de um só ancestral somente uma vez na História de nosso planeta?
Por
que dois sexos e não três, quatro ou 12? Por que envelhecemos e morremos?
No
livro "The Vital Question: Energy, Evolution, and the Origins of Complex
Life" (A questão vital: energia, evolução e as origens da vida complexa),
Nick Lane pretende responder a essas perguntas e muitas mais com um novo
conjunto de ideias sobre o surgimento e a evolução da vida. Bioquímico da
University College London, Lane sustenta que com alguns princípios da física, podemos
presumir por que a vida é assim – na Terra e no resto do cosmos.
O
livro anterior de Lane, "Life Ascending: The Ten Great Inventions of
Evolution" (Vida ascendente: as dez grandes invenções da evolução), ganhou
o Prêmio da Real Sociedade para livros científicos, e novamente ele se mostra
um guia capaz em meio a terreno científico traiçoeiro. O autor escreve com
prosa lúcida, acessível e, embora a ciência possa se tornar densa, o leitor
será recompensado com uma visão impressionantemente anticonvencional da
biologia.
A
ideia mais surpreendente de Lane tem a ver com como a vida complexa surgiu.
Durante a maior parte da História terrestre, a vida era microbiana: nada de
árvores, cogumelos nem mamíferos. Embora os micróbios exibam diversidade
bioquímica espantosa, vivendo em qualquer coisa, de concreto a ácido de
bateria, eles nunca evoluíram para se tornar algo mais complicado do que uma
única célula.
Então,
o que tornou possível o grande florescer da biodiversidade? Partindo de ideias
desenvolvidas com o biólogo da evolução William Martin, Lance localiza as
origens da vida em um acaso bizarro há bilhões anos, quando um micróbio passou
a viver dentro de outro. Segundo ele, esse evento não foi uma divisão da árvore
evolucionária, mas uma fusão com consequências profundas.
O
novo inquilino forneceu energia para o hospedeiro, pagando aluguel químico em
troca de habitação segura. Com a renda extra, a célula hospedeira pôde se dar
ao luxo de fazer investimentos em comodidades biológicas mais complexas. A união
prosperou, replicou e evoluiu.
Hoje,
chamamos esses micróbios internos de mitocôndria; quase toda célula em nosso
organismo tem milhares dessas fábricas energéticas. Lane e Martin argumentam
que em função da mitocôndria, células complexas têm quase 200 mil vezes mais
energia por gene, abrindo espaço para genomas maiores e evolução irrestrita.
Dentro
da célula, a mitocôndria guarda seus próprios anéis minúsculos de DNA, postos
genéticos avançados distintos do centro de comando genético no núcleo da célula.
Embora
a relação agora seja de simbiose, no começo o DNA mitocondrial vivia sendo
bombardeado pelo genoma nuclear, provocando mutações frequentes. Sob essas
condições, assegura Lane, somente a evolução do sexo permitiria à seleção
natural manter a função de genes individuais em grandes genomas que sofrem
ataques.
Mas por que dois sexos? O índice de
mutação no DNA mitocondrial é elevado, o que pode abalar fatalmente a função
celular. O desafio para
qualquer organismo é manter baixo esse índice e, com dois sexos, argumenta
Lane, nos quais somente um deles passa as mitocôndrias à descendência, o
problema é atenuado.
Nós
vemos isso em quase todos os organismos complexos. Por exemplo, os humanos
recebem a mitocôndria exclusivamente das mães.
Com
a idade, as mutações mitocondriais se acumulam. Em outro lugar, Lane destacou
pesquisa mostrando que variantes em um único gene mitocondrial reduziram pela
metade a perspectiva de ser internado por doenças causadas pela idade em
pacientes que as tem, e duplicaram a perspectiva de viver até os cem anos. Lane
acredita que esse achado poderia levar a progressos médicos se nós
compreendêssemos como proteger o DNA mitocondrial.
"Como podemos esperar
compreender a doença se não temos ideia do motivo de as células funcionarem
assim?", ele questiona.
Mas
e as origens da vida, antes de existirem células? Lane também tem algo a dizer
a esse respeito. Livros didáticos contam que a origem da vida tem raízes na
especulação de Darwin de que em algum "laguinho quente" a matéria inanimada,
talvez energizada por um raio de sorte, formou moléculas complexas que
terminaram se replicando sozinhas.
Isso
faz Lane pensar para trás. Segundo ele, a matéria inanimada nunca poderia se
agrupar em moléculas maiores com apenas um raio, da mesma forma que uma pilha
de tijolos não poderia se montar como uma casa durante a tempestade. O
surgimento da vida deve ter sido impulsionado por uma fonte de energia
confiável e contínua.
A
visão alternativa de Lane se origina com o geólogo Mike Russell, que décadas
atrás propôs que a vida surgiu em formações rochosas elevadas no leito
oceânico, onde a agua aquecida e carregada de minerais era cuspida do centro da
Terra por meio de uma rede oca de compartimentos do tamanho de células. Essas
rochas continham os ingredientes necessários para a vida começar e, o mais
importante, sua temperatura natural e gradientes de energia favoreciam a
formação de moléculas maiores. Ao tirar proveito da energia de uma Terra
inquieta, no entender de Lane, uma pilha de tijolos só pode ser tornar uma
casa.
Esse
cenário gera uma previsão inesperada sobre como os organismos geram energia.
Nas células de quase toda criatura, incluindo os humanos, os prótons estão
presos em um dos lados de uma membrana. A única saída é com a ajuda de proteína
notável, com formato de turbina, a ATP sintase. Os prótons caem pela proteína
rotatória, convertendo aquela energia em um formato útil para a célula, análoga
a uma roda d'água.
Esse
mecanismo bizarro, tão universal quanto o DNA, é totalmente inesperado na
ciência. Porém, é baseado nas rochas porosas de Russell, que separam a água
pobre em próton de seu interior do oceano rico em prótons. A vida tirou
proveito dessa dinâmica natural do próton, Lane afirma: os gradientes do próton
devem ser uma "propriedade universal da vida no cosmos".
A
ampla perspectiva de Lane, que tenta abordar as origens da vida, sexo e morte,
é sedutora e muitas vezes convincente, embora a especulação muitas vezes supere
os fatos em muitas das passagens do livro. Todavia, talvez para uma teoria
biológica de tudo, isso é esperado, até mesmo bem-vindo.
Ainda
não se sabe se a pesquisa irá confirmar Lane, mas suas muitas previsões, por
mais incríveis que pareçam, podem ser testadas e poderiam manter os cientistas
ocupados durante anos. Como Sherlock Holmes dizia, "quando se eliminou o
impossível, então o que restar, por mais improvável que seja, deve ser a
verdade".
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